sexta-feira, fevereiro 13, 2015

filhos e animais

um texto recente do kevin smith no facebook, partilhado pelo nuno markl também naquela rede social relembrou-me um tema que há muito queria escrever e por esquecimento ou falta de palavras, nunca o fiz ou fui adiando. faço agora.

antes do meu filho nascer, já tínhamos cá em casa um gato, o van Basten. um gato europeu, um rafeiro que foi resgatado da rua e veio morar cá para casa com pouco tempo de vida. se não o tivéssemos acolhido e sabendo que foi rejeitado pela mãe, teria certamente morrido. durante 5 anos fomos apenas três cá em casa e o amor por aquele ser de quatro patas crescia diariamente. passado uns dois anos de o termos resgatado, reparámos que fechava constantemente um dos olhos e a pálpebra colava ao olho, de tão seca que estava. sem sabermos o que era, fomos ao veterinário não uma, não duas, mas mais de meia dúzia de vezes para sabermos o que era aquilo...exames oculares, exames ao sangue, às fezes e à urina. um dos exames era o despiste da PIF (peritonite infecciosa), que na maior parte dos casos é mortal e não tem tratamento. lembro-me como se fosse ontem, a angústia que tive nesse dia em casa, sozinho, à espera do telefonema do veterinário

"boa tarde, é o rui...o dono do van basten. já sabem de alguma coisa?"
"não rui...ligou há 10 minutos. ainda não há novidades."

e isto foi-se prolongando pela tarde. passado muito tempo, ligaram e deram-me a notícia que o exame tinha dado negativo. fiquei radiante! dos momentos mais felizes da minha vida! o meu bicho está bem!

depois...depois nasceu o tiago e tudo mudou. tudo!
não deixei de amar o meu gato incondicionalmente e de o tratar como o último gato à face da terra fazendo tudo por ele, mas...apareceu na nossa vida algo muito diferente do que já alguma vez tínhamos experimentado. algo que fez e faz todos os dias com que o nosso coração nos queira saltar do peito de tão felizes que somos por ele ter decidido ser nosso filho e por ele nos ter dito que somos nós os responsáveis primários da sua felicidade e bem estar. o van Basten não deixou de ocupar o lugar vital que tem nas nossas vidas nem ninguém o substituiu. o nosso filho construiu por si só, um espaço onde nós não sabíamos que havia espaço para construir. e todos os dias o vai alargando e enchendo de vida, amor e felicidade.


quanto ao texto do kevin smith, acho muito bem que se chore a morte de um amigo de quatro patas. acho muito bem que se sinta uma dor inexplicável quando um companheiro de 15 ou 20 anos desaparece. é mais um membro da família que nunca nos desiludiu e está sempre lá para nós quando precisamos dele.

mas quando um filho nasce...e os pais com amigos de quatro patas sabem do que estou a falar, tudo muda!

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